Ilustração: João Teófilo
Jorge Amado (1912-2001) foi um escritor superlativo: publicou 32 livros povoados por mais de 5.000 personagens e vendeu cerca de 30 milhões de exemplares somente no Brasil. Embora editado em 52 países e traduzido para 29 línguas, escreveu quase exclusivamente a partir de sua Bahia natal. Ainda assim, seus romances trazem para a sala de aula provocações relevantes sobre diferentes aspectos da sociedade brasileira, e até mesmo questões universais [como mostra o artigo Bahia universal, publicado este mês na Revista de História].
Em Gabriela cravo e canela, por exemplo, há passagens em que a submissão da mulher fica evidente. O livro começa com o assassinato de Sinhazinha por seu marido, que a flagrara com outro. Há prostitutas que são posse exclusiva de certos coronéis. A protagonista Gabriela, por outro lado, destoa ao buscar sua liberdade e sua autonomia. Há também a heroína de Tereza Batista cansada de guerra é uma menina criada pela tia que, ainda adolescente, é obrigada a servir sexualmente um homem violento em troca de dinheiro. A partir da leitura desses romances, ou da projeção das respectivas adaptações audiovisuais, pode-se pedir aos alunos que tracem os perfis femininos encontrados no romance, para depois compará-los às possibilidades e atitudes das mulheres no Brasil do século XXI. (continua) Fonte: Revista de História